sábado, 9 de setembro de 2017

DECAPITATED - Anticult (álbum)


Ano de lançamento: 2017
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Tracklist:

1. Impulse
2. Deathvaluation
3. Kill the Cult
4. One-Eyed Nation
5. Anger Line
6. Earth Scar
7. Never
8. Amen


Banda:


Rafał Piotrowski - Vocais
Vogg - Guitarras
Hubert Więcek - Baixo
Młody - Bateria


Contatos:

Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Nos tempos atuais, é muito simples para qualquer banda continuar fazendo o famoso “mais do mesmo”, ou seja, uma repetição infindável da fórmula que o grupo já abordou. Os fãs muitas vezes preferem isso, quase como uma consequência destas tendências setentistas e oitentistas dos últimos anos, onde muitos batem no peito dizendo com um estranho orgulho: “não queremos fazer nada de novo”. Mas ainda bem que existem aqueles que não cruzam os braços e não aceitam regras, que bancam o desafio e peitam quem quer que seja com coragem. E neste grupo está o quarteto polonês DECAPITATED, que retorna à carga com “Anticult”, seu mais recente álbum, lançado no Brasil pela parceria entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil.

Desde “Blood Mantra”, o quarteto tem aglutinado mais e mais influências de estilos modernos do Metal, bem como algumas doses de Rock ‘n’ Roll e Groove Metal, o que anda deixando os fãs mais antigos do grupo de cabelos em pé. Mas ao mesmo tempo, o que se percebe é que esta evolução não está fora do que o grupo criou para si, onde se percebe uma massa sonora agressiva e brutal, cheia de uma energia absurda e uma personalidade musical toda própria. Mas “Anticult” é um disco brutal e agressivo, que nos mostra um peso descomunal. Mas ao mesmo tempo, é esteticamente bem cuidado, soando moderno e vivo, capaz de esmagar ossos e destruir pescoços!

Cuidado, pois o material é altamente bruto!

A produção do álbum é assinada pelo próprio Vogg (guitarrista e líder do grupo), tendo a mixagem de Daniel Bergstrand (que também produziu as partes de bateria também) e a masterização de Lawrence Mackrory. E tudo isso para garantir que “Anticult” soe pesado, agressivo e brutal, mas com uma clareza instrumental perfeita. Sim, somos capazes de ouvir os arranjos do grupo perfeitamente, e o toque de modernidade ficou por conta dos timbres instrumentais, muito bem escolhidos e alinhados com a proposta sonora do álbum. E um detalhe: a bateria foi gravada sem o uso de trigger!

A arte de capa, uma criação de Lukasz Jaszak (que também fez o layout) é sombria e maravilhosa, mostrando que o quarteto tem muito a dizer em suas letras contra todas as formas de cultos que vemos em nossos cotidianos. E ficou perfeita para apresentar o que a banda está fazendo musicalmente.

Se preparem, pois “Anticult” veio para ser um divisor de águas na carreira do DECAPITATED. E por isso a banda soa coesa, rejuvenescida, sem medo de encarar seus fãs ou quem quer que seja. Os vocais de Rafał estão muito bem encaixados na proposta do álbum, com timbres guturais mais claros do que conhecemos, enquanto a base rítmica do estreante Hubert (baixo) e de Młody (bateria) é sólida como uma muralha, pesada e muito técnica, dando uma aula. Já as guitarras de Vogg dispensam apresentações: ele é um Guitar Hero do Metal extremo, criando riffs insanos e técnicos, solos ótimos e é responsável por manter o DNA do grupo presente desde sua criação.

Papo reto: “Anticult” é uma moenda de ossos, mas sempre bem trabalhada e com muito bom gosto. E embora todas as 8 canções sejam ótimas, a mistura de técnica e brutalidade de “Impulse” (onde vemos um trabalho ótimo em termos de baixo e bateria, criando uma tempestade de mudanças rítmicas ótimas, mas sem perder a coesão e o peso), as linhas harmônicas cheias de groove intenso e azedo apresentadas em “Deathvaluation” e “Kill the Cult”, a violenta “One-Eyed Nation” (com um trabalho ótimo dos vocais e guitarras fenomenais), a agressividade cativante e charmosa de “Angerline” (outra em que baixo e bateria mostram eficiência, com boas variações de tempo), o trabalho perfeito do grupo como um todo no hino “Earth Scar” (riffs hipnóticos, solo melodioso, vocais com uma expressividade enorme, fora baixo e bateria segurando o ritmo com muito peso e boa técnica, e um refrão excelente), e o jeitão um pouco mais tradicional em termos de Death Metal polonês de “Never” (embora alguns momentos mais cheios de groove surjam perto do refrão), e a instrumental sinistra “Amen”, que fecha o álbum com maestria, são a expressão de um grupo maduro, forte e disposto a garantir seu lugar de honra no Metal extremo. Ou mesmo no Metal como um todo!

O que nos resta dizer sobre “Anticult”: o disco causará reações extremas, pois é bem no estilo “ame ou odeie”. Mas creio que os fãs da banda não têm do que reclamar.

No mais, o DECAPITATED está aí, renovado e vigoroso, pronto para triturar seus ossos e transformá-los em poeira!


AGORHY - Infrator (EP)


2017
Nacional

Nota: 9,2/10,0


Tracklist:

1. Apoteose Encarniçada
2. Infrator
3. Maquila Infernal
4. Amazônia Nunca Mais
5. Stressofrenia
6. Capitalist Perversion


Banda:


Leonardo Lavatori - Vocais, guitarras
Hugo Bott - Baixo
Rodrigo Pina - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
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Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Desde que o Grindcore se popularizou no Brasil no inicio dos anos 90, muitas boas bandas surgiram por aqui, com trabalhos de primeira, e dispostos a causar a sensação que os mais desavisados e puritanos estão tendo os tímpanos massacrados com uma serra elétrica. E ainda bem que eles estão por aí, pois toda contestação é bem vinda, como uma porradaria sonora faz bem ao coração. E nisso, o trio carioca AGORHY é um mestre. Um veterano de 20 anos de muita resistência e com música de alto nível, e depois de 9 anos desde o lançamento do álbum “Ruptura” (de 2008), eles retornam à carga com o ótimo “Infrator”, um EP com seis canções.

Como dito, o trio é um especialista em fazer Grindcore direto e muito agressivo, só que cheio de influências de Hardcore, Death Metal e estilos afins. Em relação aos trabalhos anteriores, tem-se a clara idéia de que as mudanças de formação (antes um quinteto, agora um trio) e os anos os levaram a algo mais equilibrado e seco, mais raivoso e direto. Não, de forma alguma isso implica que é ruim, mas o oposto: o AGORHY claramente evoluiu para um formato mais conciso e simples, e assim atraente e muito envolvente. É ouvir, gostar e cair no Slamdancing desenfreado!

A sonoridade de “Infrator” é realmente de uma estética crua e direta. Como dito, a sonoridade está mais seca, mais justa, e por isso, a compreensão do que eles estão tocando fica evidente. Os timbres estão bem diretos e com uma estética mais orgânica, sem aparentes edições digitais, causando assim o derretimento encefálico dos menos acostumados, mas a alegria de muitos. E a capa é justamente um manifesto político diante da ambição que está correndo o mundo em ritmo acelerado, antenada com as letras do CD.

O AGORHY, como dito acima, é um veterano da cena carioca, com calos evidentes das dificuldades da região. Mas são justamente esses calos da experiência que transpiram na musicalidade honesta do grupo, que não busca ser extremamente técnica, mas brutal e opressiva, vomitando seu descontentamento com a corrupção. Mas se repararem bem, a espontaneidade dos arranjos não tira o brilho dos mesmos, logo, não se iludam: existem mentes pensantes dando um duro dos diabos sob essa colcha de vocais gritados, guitarras com riffs diretos e agressivos (mas de muito bom gosto), fora o baixo distorcido e a bateria mostrarem uma técnica não muito convencional ao estilo. E a aposta em canções com duração mais curta é um acerto, pois nos faz querer ouvir mais e mais.

“Apoteose Encarniçada” é repleta de mudanças rítmicas ótimas e um trabalho de primeira de bateria (fora os riffs certeiros e o solo de guitarra providencial darem uma dose extra de peso), enquanto “Infrator” vem em uma porradaria Punk/Crust de primeira, onde o baixo se evidencia no meio das mudanças de tempos (sim, o trio não é de fazer algo muito reto). Puxando um pouquinho mais para o Crossover extremo à lá RDP, “Maquila Infernal” é ganchuda, com um refrão de primeira, ótimos vocais ferozes (os timbres são ótimos em termo de voz), e dista do simplório em termos de ritmo. Já “Stressofrenia” é uma música que realmente evoca o Grindcore puro e simples, com alguns momentos bem “pogo dance”, e certo groove surge no trabalho da base baixo-bateria. Mas o EP ainda tem duas surpresas agradáveis: a primeira é uma versão atualizada e suja de “Amazônia Nunca Mais” do RDP, que a banda interpreta de seu jeito (reparem bem na força das guitarras), mas mantendo sua estética original (com assobio no final e tudo); e “Capitalist Perversion”, do finado SUBTERA, onde o andamento é mais lento em certas partes, onde o peso impera e o baixo gorduroso fica evidente, e em outras, o pau quebra para todos os lados, em um caos Grindcore pesado e bruto (reparem nos efeitos usados no vocal, como casaram bem com a banda).

No mais, “Infrator” é um ótimo lançamento, e que apesar das dificuldades, o AGORHY não leve mais tanto tempo para nos brindar com um trabalho novo. 

O Underground brasileiro agradece.

Ah, sim: “Infrator” está disponível nas plataformas digitais abaixo.

Spotify: https://open.spotify.com/artist/7udhS4hRk0AtLSILgkjYBV
Deezer: http://www.deezer.com/br/album/44507611
Soundcloud: https://soundcloud.com/user-711689804