sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

VIOLATOR - The Hidden Face of Death (EP)


2017
Nacional

Nota: 8,3/10,0

Tracklist:

1. Infernal Rise
2. False Messiah


Banda:



Poney - Baixo, vocais
Capaça - Guitarras
Cambito - Guitarras
Batera - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Ficar muitos anos sem gravar algo novo pode ser muito ruim para bandas do underground. Mesmo no formato de hoje, onde não se consegue ganhar mais algum dinheiro com venda de discos, mas com turnês e venda de merchandising, permanecer longe do estúdio pode dar a ideia de que uma banda ou está em um hiato ou acabou. E apesar das polêmicas recentes, que alguns davam como sinal de desespero de quem chegou ao amargo fim, o quarteto VIOLATOR, de Brasília, está de volta com um novo lançamento, o EP “The Hidden Face of Death”.

A verdade é: a ausência de alguns anos sem lançar material inédito parece ter feito bem ao grupo, já que a fórmula do Retro-Thrash deles aparentava dar sinais de cansaço em “Scenarios of Brutality” (de 2013). O grupo ainda está na mesma linha de antes, embora com um “approach” mais duro e agressivo, aparentemente revisando influências do SLAYER. E soando mais sujo, ganhou mais peso, e se percebe que, mesmo ainda velozes, já surgem momentos mais cadenciados, mostrando que o grupo compreendeu que tocar rápido não é soar agressivo, e assim ganhou diversidade e mais técnica.

Traduzindo: é o bom e velho VIOLATOR que os fãs tanto gostam, apenas com um jeitão revigorado e agressivo.

Produzido por eles mesmos, e gravado no C.L. Áudio Estúdio, em Brasília, com a mixagem e masterização feitas por Jarret Pritchard nos EUA, os rapazes buscaram algo mais sujo e bruto para sua sonoridade. Até soa bem artesanal, mais orgânico, mas sem deixar de ter aquela preocupação com a clareza necessária para que as canções sejam compreendidas. E acertaram a mão, digamos de passagem, embora não esteja perfeito.

A arte de Eric Cruz para a capa é antenada com os velhos temas de filmes de horror dos anos 80, e ficou muito boa.

Mais uma vez: não esperem que o VIOLATOR tenha mudado sua forma de fazer sua música. Isso não, embora estejam mostrando uma boa evolução e maior preocupação com a estética final de suas músicas. Os arranjos e busca por passagens mais lentas mostra que a experiência os fez amadurecer. E nisso, eles mostram porque foram um dos pilares do Thrash Metal brasileiro no momento em que o gênero se reerguia após anos de pouca exposição no underground.

Em mãos, temos as canções da versão em vinil do 7”, onde constam duas canções: no lado “Evil” está “Infernal Rise”, com uma introdução tenebrosa à lá “Hell Awaits”, e é recheada de bons riffs e vocais, mudanças de ritmo providenciais e um peso enorme; no lado “Dead”, por sua vez, temos “False Messiah” (não me perguntem se tem relação com a polêmica com o dePUTAdo conservador, pois não é o foco da resenha), bem trabalhada, bons arranjos e uma surra de peso vinda da base rítmica. E a versão do vinil é limitada a 300 cópias numeradas a mão pela banda, e ainda tem pôster e sticker de presente.

A versão em CD, por sua vez, tem alguns extras interessantes: versões para “Nausea” do HERESY (uma velha banda de HC/Punk inglesa dos anos 80) e “Igreja Universal” (do RATOS DE PORÃO), além de “United for Thrash” e “Deadly Sadistic Experiments”, gravadas ao vivo no Kill Again Metal Fest 2011. Nesta versão também existe pôster e sticker, mas apenas para as primeiras 200 cópias (a tiragem é de 1000 cópias).

“The Hidden Face of Death” vem em boa hora, mostrando que o VIOLATOR não parou e que continua ativo. Mas para a banda que tem o nome que eles têm, duas músicas inéditas deixam um gosto de “quero mais” para os fãs do estilo, logo, hora de pensarem em mais um álbum. 



HOT FOXXY - Burning Bridges (Álbum)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 10,0/10,0


Tracklist:

1. Redhead Rocker
2. Clear Moon
3. Burning Bridges
4. Wrong Love
5. Getting Over You
6. I Don’t Mind if It Won’t Last Forever (I Want You Tonight)
7. Tattooed Girl In Black
8. Born to Be a Rockstar
9. Getting Over You (acoustic version feat Gabi Nickel)
10. Redhead Rocker (piano version)


Banda:


Marco Lacerda - Vocal
Humberti Sprenger - Guitarra Solo
Eder Erig - Guitarra Base
Betão Sassarrão - Baixo
Daniel Schultz - Bateria


Contatos:

Site Oficial: www.hotfoxxy.com
Twitter:
Bandcamp:
Assessoria: www.beelyper.com (Agência Beelyper)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Se existe um fator que sempre auxilia bandas é a evolução, o amadurecimento. Não há músico, banda, projeto em que a ação dessa força motriz não se faça presente. Os anos de experiência, a estrada e os ensaios, tudo isso importa. E o HOT FOXXY, quinteto de Curitiba, mostra isso em “Burning Bridges”, seu mais recente trabalho.

Muita influência do bom e velho AOR/Glam Metal dos anos 80, percebe-se que o grupo tem um trabalho livre de qualquer pretensão que não seja fazer música de alta qualidade, acessível, melodiosa e (obviamente) divertida. Óbvio que se percebe que o grupo soube dar uma arranjada muito boa em suas composições, que soam maduras, bem feitas e cheias de energia, com refrãos muito grudentos e todos os elementos que o estilo tem. Mas ao mesmo tempo, se percebe que o grupo ostenta uma personalidade, buscando serem eles mesmos, e não uma cópia de outros nomes. Nisso, o quinteto acertou em cheio.

A produção é assinada por Alysson Irala, guitarrista e compositor curitibano de bandas como SAD THEORY, MOTORBASTARDS, SHADOW MAZE, entre outras. E dessa forma, a sonoridade de “Burning Bridges” é muito boa, evidenciando a veia melódica do quinteto, sendo limpa e deixando os timbres da banda soando muito bem aos ouvidos. Mas óbvio que há peso, mas aquele necessário apenas. Obviamente que poderia ser melhor (a banda merece, digamos de passagem), mas está muito bom. E, além disso, a capa ficou muito legal, dando a ideia de que o grupo não tem medo de ousar.

Ótimos arranjos, músicas maduras, e a ousadia de quem quer sair do ponto comum, mas sem desvirtuar-se do estilo que escolheu, o HOT FOXXY é uma banda excelente para comerciais de cigarros, como os dos anos 80 onde grandes hinos do Hard/AOR passavam na TV toda hora. E se preparem para ficarem grudados no lugar, pois “Burning Bridges” é assim: um disco que nos faz prender a respiração. E ainda temos a participação especial de Gabi Nickel nos vocais na versão acústica “Getting Over You”, e de Humberto Sprenger nos pianos na belíssima versão instrumental de “Redhead Rocker” (que fecha o disco).

Basta ouvir as melodias sedutoras da excelente “Redhead Rocker” (que trabalho excelente de guitarras e vocais, e que refrão grudento dos infernos, pois é ouvir e sair cantando), o trabalho bem arranjando em termos de harmonias de “Clear Moon” (outra bem acessível, mostrando a força da base rítmica do quinteto), o Hard ‘n’ Heavy forte de “Burning Bridges” (onde se percebem influências de Metal tradicional à lá NWOBHM nos arranjos), a balada introspectiva de refrão pesado “Wrong Love”, a linda e envolvente “Getting Over You” (que belo trabalho de vocais mais uma vez), o Hardão mais pesado de “I Don’t Mind If It Won’t Last Forever (I Want You Tonight)” (com as típicas melodias de canção de comerciais da Hollywood dos anos 80 mais uma vez), a energia mais crua e de refrão chicletoso em “Tattooed Girl In Black”, e o arrasa-quarteirão farofento à lá anos 80 de “Born to Be a Rockstar” e vai ficar grudado neles. Mas nem de longe se pode deixar a versão acústica de “Getting Over You” (que lindas passagens de vozes, com o canto masculino e o feminino se alternando e dando aquela atmosfera terna), e a versão instrumental toda em piano de “Redhead Rocker”. É, o disco todo é bom demais, e vale a aquisição!

Vieram para ficar e conquistar, e o HOT FOXXY tem tudo para ir muito longe. E “Burning Bridges” é o passaporte certo para isso.

PATO JUNKIE - The Rag Doll (Álbum)


2017
Selo: Independente
Nacional

Nota: 9,2/10,0

Tracklist:

1. The Rag Doll
2. I Don’t Believe in Your Lies
3. Bad Memories
4. Chaos of Day
5. In the Name of Desire
6. Atos Terroristas
7. Pião pra Pião


Banda:


Alexandre Gomes - Vocais
Alan Franklin - Guitarras
Johnny Pains - Guitarras
Lucas Oliveira - Baixo
Wellington Nunes - Bateria


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria: http://www.metalmedia.com.br/patojunkie/ (Metal Media)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


As tendências modernas do Metal são recebidas de formas polêmicas no Brasil. Muito disso nasce do sentimento que as mudanças são ruins, algo que no fundo, possui profundas raízes no pensamento conservador no qual estamos imersos desde a época do Brasil Colônia, dos tempos da casa grande e senzala. Não digo para gostar ou não, apenas para respeitar as diferenças que a evolução nos dá todos os dias. Mesmo porque nada permanece, tudo muda. E tendo em mente que a mudança não é algo ruim, podemos apreciar de verdade do trabalho do quinteto PATO JUNKIE, da cidade de Patos de Minas (MG), que chega com seu segundo álbum, a pedrada “The Rag Doll”.

A melhor forma de encarar o grupo é apenas como uma banda de Metal/Rock moderno, já que não é lá simples lhes conferir uma classificação. Elementos de Metalcore, New Metal, Metal Alternativo e mesmo pitadas de Crossover são percebidas em suas músicas, por isso, o trabalho deles é bem diferente e pessoal. A energia flui em torrentes, junto com uma fusão de melodias bem feitas com uma timbragem agressiva e atual de seus instrumentos. Dessa maneira, o PATO JUNKIE mostra que tem raça, e faz de “The Rag Doll” um disco ótimo, grudento e alta qualidade.

A própria banda assumiu a tarefa de produzir o disco, tendo a mixagem e masterização sido feitas pelo guitarrista Alan Franklin. O resultado é uma sonoridade seca e pesada, com uma clareza enorme. Nada em “The Rag Doll” fica escondido, e mesmo a timbragem dos instrumentos ficou de primeira, com todos muito bem definidos, mas sem ter aquele exagero de graves tão costumeiros de tendências modernas. Está abrasivo, mas não exagerado.

A arte da capa, criada pelo artista Diogo Alcântara em parceria com a Mortuus T-Shirt, ficou muito boa, bem trabalhada e mostrando o conceito do título.

Bem diferente de tudo que já ouvimos por aí, o PATO JUNKIE é uma banda viciada em fazer música de alto nível, e reunindo influências diversificadas. Além disso, a capacidade de arranjar suas canções e mudar de ritmos é incrível. Percebe-se que o grupo é maduro, e tem muito para dar ao cenário.

E ouvindo canções como a trampada e agressiva “The Rag Doll” (muito groove e ótima técnica de baixo e bateria guiando os ritmos), a pegada semi-Thrash moderno de “I Don’t Believe in Your Lies” com suas guitarras faiscando riffs intensos e o baixo debulhando, o jeito introspectivo e moderno de “Chaos of Day” (onde os vocais mostram sua versatilidade, com timbres bem melodiosos), o approach ganchudo e cheio de elementos de New Metal de “In the Name of Desire”, e na mistura de levadas Thrash com elementos regionais em “Atos Terroristas”. E para fazer uma ligação entre passado e presente, temos a regravação da curta e grossa “Pião pra Pião”, vinda do primeiro álbum da banda, “Doido e Violento” (de 2015), um autêntico chute HC/Crossover, com muita energia.

O PATO JUNKIE é uma ótima banda, tem personalidade e mostra que é possível fugir do ponto comum e ser criativo. Aliás, “The Rag Doll” é um puta discão!