quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

WRATH SINS - The Awakening


Tipo: Full Length
Ano: 2018
Importado


Tracklist:

1.      Beneath Black Clouds
2.      Unquiet Heart
3.      Shadow’s Kingdom
4.      Collision
5.      The Sun Wields Mercy
6.      Fear of the Unseen
7.      Strepitant Mist 
8.      Between Death’s Line
9.      The Awakening 
10.  Silence from Above


Banda:


Miguel Silva - Vocais, guitarras
Rui Coutinho - Guitarras
Ricardo Nora - Baixo, backing vocals
Diego Mascarenhas - Bateria

Convidados:

Eduardo Sinatra - Bateria
André Ribeiro, Mário Lopes, João Rocha


Ficha Técnica:

André Matos, Miguel Silva - Produção, mixagem
Caesar Craveiro - Masterização
Miguel Silva - Artwork, layout


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:
Assessoria: trmpress.com.br (TRM Press)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Todos sabem que o Brasil e Portugal guardam laços históricos de longa data. Mas é estranho que, mesmo nessa era regida pela informação instantânea, o público brasileiro não tem a dimensão de como é ampla e criativa a cena Metal Lusitana. Tem momentos em que simplesmente ver o nome de uma banda associada ao país para que já tenhamos certeza de que vem coisa boa aí. E no caso do quarteto WRATH SINS, da cidade de Porto, essa associação é plausível, já que o segundo disco deles, “The Awakening”, mostra uma banda de primeira!

O quarteto mostra que não é conservador em nada. Musicalmente, vemos uma banda de Progressive Thrash Metal moderno, cheio de vigor e melodias, mas com ótima técnica instrumental. A impressão que temos sobre o trabalho musical do quarteto é de que Chuck Billy foi cantar no TRIVIUM, ou seja, uma base instrumental agressiva e densa, mas com um vocal agressivo de timbres rasgados naturais (e alguns mais normais em alguns momentos). E apesar do pouco tempo de atividade (a banda foi formada em 2011), mostram um trabalho maduro e de muita energia, com algumas partes mais soturnas aqui e ali.

Ao se falar da qualidade sonora, é preciso ter em mente que não estamos lidando com uma banda cuja música seja convencional, logo, a produção de Miguel Silva e André Matos (não confundir com o vocalista brasileiro) é bem experimental, buscando timbres modernos bem definidos, fugindo dos timbres graves usuais. E tudo está claro, nos permitindo compreender o que eles fazem, mas com uma ótima dose de peso e agressividade. E a arte, também de Miguel Silva, é antenada com o trabalho denso e musicalmente azedo do grupo.

O WRATH SINS não tem medo de ousar, fica claro em cada uma das canções de “The Awakening”. A banda sabe arranjar bem suas músicas para dar consensualidade ao que fazem, e digamos que não é algo simples, já que eles não estão presos a uma fórmula sonora específica. Se isso os torna um tanto quanto difíceis de classificar, também mostra que são corajosos o suficiente para buscarem algo novo para si em uma época em que a clonagem do passado é permitida sem restrições.

Todas as canções de “The Awakening” são muito boas, mas as mudanças de ritmo e energia azeda quem preenchem “Unquiet Heart” (veja que baixo e bateria capricham em termos técnicos e peso o tempo todo), os riffs sinuosos e densos de “Shadow’s Kingdom” e seu ritmo cadenciado e pesado, a brutalidade que beira o Death Metal exposta em alguns momentos da agressiva “The Sun Wields Mercy”, o slamdancing intenso de “Fear of the Unseen”, a complexidade Thrasher de “Between Death’s Line” (alguns vocais melodiosos surgem de forma bem espontânea no refrão), e a opressiva “The Awakening” e suas passagens que mixam brutalidade e melancolia.

Digamos de passagem: o WRATH SINS é, sem sombra de dúvidas, um candidato ao posto de revelação, mesmo sendo “The Awakening” o segundo disco deles.

Nota: 94%


PASTORE - Phoenix Rising


Tipo: Full Length
Ano: 2018
Importado


Tracklist:

1. Phoenix Rising
2. Damn Proud
3. Symphony of Fear
4. March of War
5. No More Lies
6. Salvation Paradise
7. I Need More
8. Holy War
9. Time Goes By
10. Get Outta My Way
11. Fire and Ice
12. Lightning Strikes Again (canção bônus da edição japonesa)


Banda:


Mario Pastore - Vocais

Convidados:

Márcio Eidt - Guitarras
Ricardo Baptista - Guitarras
Johnny Moraes - Guitarras
Fábio Carito - Baixo
Marcelo de Paiva Berno - Bateria
Edu Ardanuy - Guitarras em “Lightning Strikes Again”


Ficha Técnica:

Márcio Eidt - Produção, mixagem, masterização


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria: trmpress.com.br (TRM Press)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Brasil sempre foi um país onde o Metal daqui é primeiramente aceito e aplaudido fora. Muito disso vem do background cultural do público brasileiro, ainda com forte ranço do período colonial, aonde o colonizador vinha para cá na esperança de encher os bolsos de dinheiro e queria sair daqui, voltar para a metrópole. De tanto o pensamento ser repetido na época, entrou no DNA cultural de nosso povo, sendo uma das raízes desse desprezo dos headbangers brazucas pelo produto nacional. São muito bobos os que pensam assim, já que uma ouvida em um discão como “Phoenix Rising”, novo do PASTORE, põe esse tipo de pensamento a nocaute. E ele foi lançado primeiramente fora do país, pela gravadora japonesa Spiritual Beast Records (mas o disco pode ser encontrado na Die Hard Records e na 

Transitando entre o Metal tradicional e um pouquinho do Power Metal alemão dos anos 80, com uma novidade: a pegada melodiosa de sempre está presente, mais um pouco mais seca e agressiva. Sim, nesse disco, o PASTORE vem mais atualizado e agressivo, talvez um retrato do momento difícil em que o país vive em vários sentidos. Ótimas estruturas harmônicas, refrãos de assimilação simples, peso e energia em quantidades homeopáticas... Justamente aquilo que o médico receitou para o coração de qualquer headbanger que se preze bater feliz.

A produção fez com que a sonoridade do disco ficasse bem seca, dura e pesada, com boa escolha de timbres sonoros em cada um dos instrumentos. Ao mesmo tempo, se a agressividade ficou evidente, temos que a sonoridade não oblitera o lado melodioso ao qual estamos acostumados em trabalhos de Mario Pastore. Pelo contrário, as linhas melódicas são bem claras aos ouvidos. E na bela capa, se percebe que o grupo vive um momento em que está renascendo das cinzas, após 5 anos de silêncio desde “The End of Our Flames”, de 2012, e fato interessante: mais uma vez, o artista escolhido para trabalhar com os aspectos gráficos foi Marcelo Berno, o mesmo dos discos anteriores da banda.

Talvez o nome do disco diga tudo: a Fênix ressurge, logo, é sinal que o PASTORE renasceu. E veio pronto para lutar e crescer, já que esse “insight” moderno deu uma revigorada e tanto ao trabalho da já elegante da banda. Além disso, se percebe que eles estão mais soltos, mais coesos, e a presença de músicos como Fábio Carito (baixo, do ADDICTED TO PAIN, SUPREMA, INSTINCTED), o ex-companheiro do HEAVIEST Márcio Eidt nas guitarras, além de Ricardo Baptista (guitarras, do TIMOR TRAIL e LAUDANY), Johnny Moraes (guitarras, HEVILAN), e Marcelo de Paiva (bateria, ex-GUILLOTINE) só fizeram bem ao resultado final. Além deles, Edu Ardanuy, um dos guitarristas mais virtuosos do Brasil, dá uma canja nas seis cordas em “Lightning Strikes Again”. A qualidade está mais que garantida.

O disco possui 12 canções de primeira, já que temos em mãos a versão japonesa (que possui uma faixa bônus). Mas não há como não destacar o peso avassalador de “Phoenix Rising” e sua pegada agressiva, as guitarras sinuosas e provocantes de “Damn Proud”, o jeitão mais moderno de “Symphony of Fear” e a interpretação de primeira dos vocais (falar de Mario Pastore e chover no molhado, pois o homem é um dos grandes vocalistas d Metal nacional, mostrando uma versatilidade de timbres ótima), as belas melodias introspectivas de “No More Lies” (onde baixo e bateria estão bem evidenciados e com boa técnica), a impactante e bruta “I Need More” (o refrão é bem fácil de assimilar), a elaboração agressiva de “Holy War” e a pegada mais “Old School” de “Fire and Ice”. Agora, a faixa-bônus chega a ser uma covardia com o coração, já que a versão mais pesada e agressiva que “Lightning Strikes Again”, do DOKKEN, ganhou, chega a ser um abuso de tão boa (especialmente pelas guitarras e pela beleza dos vocais).

O PASTORE mostra-se renovado e pronto para mais um round no meio. Logo, preparem-se, pois “Phoenix Rising” veio para quebrar ossos!

Nota: 91%